quarta-feira, 23 de junho de 2010

Atualização Informal, 23/06.

Bem, galera, primeiro texto de gênero ensaístico, viva!

Na verdade, eu vou postar essa 'Atualização Informal' uma vez por mês, onde eu vou falar sobre tudo o que tá acontecendo na minha vida, e tal. No mais, apenas bizarrices e coisas inúteis.


Pois bem, esse mês de Junho foi marcado pra mim como o mês do ócio. Apesar de estar atuando mais que nunca na escola e no EAC, eu sinto que meus dias tão ficando cada vez mais cinzas. Quando eu não estou escrevendo poemas, me vejo envolto em um tédio sem precedentes, e isso é HORRÍVEL.

A Copa do Mundo está uma bosta, e quem discordar disso é um bosta também. Fala sério, França foi pra casa e Inglaterra quase deu tchau hoje, também. Parece que soltaram o zoológico, mas só as Zebras estão correndo, soltas. Brasil me impressionou com o 3x1 na Costa do Marfim, mas nada de incrííível. Essa seleção do Dunga pode estar boa, sim, mas ainda não ganhou a confiança de boa parte dos brasileiros (incluindo a minha).

O pH está como nunca, uma correria inpHernal. Teste pra lá, prova pra cá, pH acolá, e mimimi. Vou demorar, no mínimo, mais um ano só pra me acostumar com todo esse ritmo novo de vestibular. Deus me tenha.

A música vai bem, obrigado. Dei um tempo com o rock, metal e esses tipos de música, pra focar os meus estudos na música clássica, já que eu pretendo tirar a carteira de pianista da O.M.B. tendo algum mérito. Mês que vem eu conto como estão os meus estudos, mas agora no princípio vou começar a estudar uma vez por semana, e olhe lá.

Relacionamentos? Nem me fale. Um amor diferente - descrito muito bem por Platão - bate aqui no peito, mas eu acho que não é recíproco, ou pelo menos, não será correspondido tão cedo. Só me resta esperar, porque esquecer essa pessoa é I-M-P-O-S-S-Í-V-E-L pra mim.

Só isso, por enquanto. Se eu lembrar de mais alguma coisa, vou adicionando no decorrer do mês. Junho acabando, Julho tá aí, e as férias também. Pena que eu SÓ ENTRO DE FÉRIAS DIA DEZENOVE (MALDITO INPHERNO).

Abraços, beijos, e até mais.

terça-feira, 22 de junho de 2010

Soneto dos mortos jardins.



Tema Musical: Isaac Shepard - Gentle

OBS: Desculpem pelo tema ser do Isaac, novamente.



De amores vivi, apaixonado me entreguei
Aos saudosos carinhos do meu afável coração.
Por noites nos amamos, em um castiço sentimento,
E por vezes choramos pelos dias que não voltarão.

No momento em que teus olhos fitei,
Senti neles uma singular tristeza,
Como na noite em que, com esplendor incrível,
Minh'alma se deleitou na mais nobre pureza.

Soprando forte sobre as mantas de sirgo,
Louçana melodia, melancólica,
E de frolidos amores, o jardim morto.

Aquestas rosas que te dei como prova de amor,
Agora marcam o fim da mais linda história.
Por entre lágrimas, disseste adeus.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Marcas desfalecidas.


- Apenas deixe-me ver meu filho! - Exclamou o pai, em completo desespero. Na manhã daquele mesmo dia, seu filho de apenas 8 anos havia sido encaminhado ao hospital, com total urgência. Os médicos não tinham ideia do que havia de errado com o pequeno, que se sentia muito mal há algumas semanas.

Primeiramente, pensaram que o púbere havia tido uma overdose por algum medicamente prescrito. Depois, pensaram em uma auto-imune. E em lassos e desesperançosos minutos, caíram em inquestionável dúvida. A progenitora do pequeno acompanhou-o por todos os processos médico-hospitalares. E, àquela altura, só restava aos membros desta infeliz família rezar pela alma da criança. Os médicos tinham acabado de anunciar que ela estavam em estado terminal, devido a um câncer maligno de pulmão.

Os ventos sopravam furiosos contra a persiana. Gotículas de chuva debatiam contra as janelas fechadas. Uma aura de morte rodeava aquele leito. E, na véspera do falecimento da criança, houve um último pedido por parte da mesma: Um papel, e uma caneta. Os médicos se assustaram: Por que uma criança desta idade pediria um pedaço de papel e uma caneta?

Algumas horas se passaram, e o inevitável aconteceu. As máquinas de monitoramento suspiraram em um ruído interminável, monofônico e peculiar. Lágrimas escorriam pelo rosto da mãe, inconsolada. Sobre o criado-mudo jazia o papel, dobrado e com destinatário. A mãe, estendendo às mãos sem interromper seu pranto abespinhado, desdobrou carinhosamente o embrulho e leu o conteúdo.

"Sei que minha missão aqui foi cumprida. E neste pequeno pedaço de papel, escrevo meus últimos sentimentos. Um temor sem igual tomou conta de mim, meus braços e pernas estavam trêmulos e eu não conseguia sequer respirar, mesmo com a ajuda dos aparelhos. Podia ouvir cada pequena partícula de água batendo contra o vidro, como se quisesse me ajudar neste momento tão difícil. Pela minha cabeça, passaram-se filmes dos momentos mais memoráveis da minha vida: sejam eles com meus amigos, ou com a minha sacratíssima família. Mas, ao fim, vi que apenas as coisas boas deixaram marcas em meu peito. As ruins me fizeram sofrer na vida, mas à véspera da morte, vos afirmo: Apenas as coisas boas permanecem. E se, como últimas palavras, estou a escrever isto, peço a ti, minha mãe querida, um último desejo: Não derrame mais lágrimas daqui em diante, quando pensares em mim. Quero que ria, como se eu estivesse contando uma típica piada, ou que se anime. Tenha certeza: Se eu morri feliz com os momentos bons que tive, foi porque você me concedeu todos eles. E à ti eu devo a vida que agora estou entregando nas mãos do pai celeste. Lembre-se, eu te amo muito, e nunca quereria presenciar teu pranto. Estarei contigo até o fim da tua vida, onde nos juntaremos e viveremos em harmonia novamente. Eu te amo, mãe, nunca se esqueça disso."

O choro foi trocado por um sorriso. E quando a mãe, em última atitude antes de se despedir, olhou para o seu pequeno, percebeu que dos lábios dele se apoderava um simples e inocente sorriso.

Ventos de Outono.

Esvaídas folhas se dispersam em um chão gélido; sem vida. Beleza e morte nunca se misturariam de forma tão majestosa, se não pela obra divina desta estação. O outono é a prova viva de que todo ciclo tem de ser renovado. E digo-lhes, por entrelinhas, que também façais isto com a tua vida, em todos os possíveis aspectos, pois chegará uma hora onde nem mesmo as velhas folhas que te acobertaram no frio, protegeram-te do Sol e sofreram por você irão resistir contra a força da renovação. Terão de ser trocadas.

Será que há folhas que não se renovam? Isto é capaz de existir? Com complacência afirmo que são muito poucas as pessoas que de certa forma merecem um lugar cativo em meus pequenos e atrofiados galhos. Poderia contar-lhes nos dedos. Mas sei que não será necessário, pois se escrevo sobre vocês, com certeza vocês mesmos sabem.

O outono é a estação mais linda do ano. De fervente calor estamos abstidos, e também das frias noites. A vida se dá de forma assustadora; infame; perfeita. E como este ciclo, que se renova, eu queria me desvencilhar das pútridas flores que assolam a minha estrutura. O outono não cede seu etéreo tempo para que chuvas incessantes e oportunas dominem o cenário celeste, mas também priva os lindos cristais de gelo de existirem. É uma época onde não há preocupações, pois é repleta de festas e de alegrias. É nesta estação que - com o perdão da prosopopéia, obviamente - as árvores dançam em um leve minueto que se propaga nos agradáveis ventos. E mesmo as folhas que - mortas e desfiguradas - pousam sobre o leito pavimentado onde jazem por alguns minutos acompanham esta linda sinfonia, que soa de forma pacata e pura, aos ouvidos. Os rios, mansos, repousam. As nuvens, confusas, regridem.

Sinto saudades dos tempos em que me reunia com a minha família, em um parque qualquer de uma cidade qualquer, e todos nós comíamos às margens de um dos vários rios que por ali trilhavam o caminho ao mar. Eu não possuia preocupações, e podia sentir a brisa que me renovava os pulmões, após respirar por tantos anos o ar degradado do centro urbano. Era também um dos únicos momentos de harmonia plena entre a nossa família; era um momento onde esquecia-se todo o rancor, toda a mágoa, e ficava apenas a felicidade do momento.

Preciso dos ventos de outono. Eles me faziam muito feliz. E é com eles que as folhas podres caem, e dali, surgem novas e esbeltas plantas. Queria ser purificado desta forma. Assim, saberia que as folhas que ficaram presas aos meus ínfimos galhos são as folhas que me fazem bem, e que nunca irão me abandonar.

domingo, 20 de junho de 2010

Longe de meus ternos afagos.

Maldita seja esta dor, que perfura minh'alma como flecha certeira permutando a escuridão. Queria eu estar livre dos caprichos do amor. Preferia nunca ter amado; nunca ter nascido. Se para sofrer de amor fui mandado ao mundo, questiono Deus nos mais simples e etéreos métodos. Nasci eu apenas para ser mais um em meio à multidão? Alguém que não faz diferença por onde passa, e com fulgor pode ser erradicado? Se sim, peço ao próprio Deus que me poupe da dor do amor. Ou que pelo menos eu sofra com a ciência de que a pessoa que eu mais prezo e amo está sorrindo, como premiação pelas minhas lágrimas de sangue. O amor não se manifesta nos atos de proximidade. Eu, portanto, estou disposto a sofrer cada dia da minha vida, desde que em troca eu receba a felicidade eterna de ter feito alguma diferença à alguém. Se por pequenas frestas de liberdade meu coração palpita o desconhecido, eu quero ir além: não quero conhecer o desconhecido, mas quero me entregar a ele.

Desde pequeno segui à risca as regras que a sociedade infame impunha, não apenas sobre mim, mas sobre cada um. Pergunto, então, qual foi o fundamento de tais ações? Estava eu predestinado à ser coadjuvante de uma linda história de amor desde o príncipio? Por isso, entenda: como último suspiro, estou a escrever isto. E não vejas como um agradecimento; nem como uma imposição. Apenas como um pedido de desculpas, por saber que minh'alma foi fraca desde o princípio e não soube conviver em harmonia com o mundo. Ela foi boba e mesquinha. Pensou que o mundo era feito de boas ações, e de coração.

Peço então, por obséquio, que ele desça do primoroso trono celeste e leve minh'alma deste mundo de impurezas. Ou então, que me dê o dom da eternidade. Assim, eu viveria para sempre, sofrendo todos os dias de meu abespinhado suplício mas agradecendo do fundo do coração pela felicidade da minha bem-amada. E se por fim achares que uso de fins desnecessários, afirmo-te: o amor exige sacrifícios. Pois bem, cá estou, disposto a me sacrificar em nome do amor. Saiba portanto, minha querida, que como últimas palavras, escolhi uma forma de dizer-te que nunca abandonar-te-ei, mesmo no sofrimento e na dor. Nunca deixarei o teu lado, e quando não conseguires andar, carregar-te-ei no colo. Mesmo jogado em um mar de dores, tudo terá valido a pena se eu souber que estás feliz. Mesmo longe dos meus ternos afagos. Mesmo longe de mim.